“Na surdina”, governo tenta abrir capital da Embasa para a iniciativa privada, acusa sindicato
O governador Rui Costa enviou o Projeto de Lei 22.011/2016, na última quarta-feira (23), para a Assembleia Legislativa, através do qual abre a possibilidade de privatização da Embasa. É o que diz o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia. Ainda de acordo com a entidade, o projeto visa instituir a BahiaInveste, Empresa Baiana de Ativos S/A, cujo capital será integralizado com até 25% das ações ordinárias e até 25% das ações preferenciais que o governo possui na Embasa. “Seria, na prática, a abertura do capital da empresa para a iniciativa privada. Em outras palavras: um disfarce para a privatização”, completa.
Ele ainda acusam que o projeto seria votado “na surdina”. “Ele seria votado naquele mesmo dia, à noite, junto com inúmeros outros, sem que fosse discutido com ninguém. Descoberta a trama, o Sindicato fez várias articulações e um deputado pediu vistas ao projeto, que acabou tendo sua votação adiada. Corre o risco de ser votado esta semana. Há, porém, descontentamento de vários deputados, inclusive aliados do governador, pois foram surpreendidos com a proposta”, acusam.
Ainda de acordo com o SINDAE, o governo também surpreendeu a direção da Embasa e integrantes do Conselho de Administração, não dando conhecimento dessa proposta. “O que se comenta nos bastidores é que o projeto de lei foi pensado na Casa Civil e teria o objetivo de “forçar a barra” para beneficiar futuras parcerias público-privadas (PPP’s). Não é segredo o quanto o governador Rui Costa tem apreço por essas parcerias, que se constituem em privatizações disfarçadas. E com elas vai transferindo recursos do estado para as empreiteiras, inclusive algumas delas que são alvo da Operação Lava Jato”, completam.
Caso o projeto seja aprovado, a BahiaInveste passa à condição de acionista relevante da Embasa e poderá ter assento no Conselho de Administração dessa empresa, podendo, inclusive, exigir distribuição de lucros quando houver superávit ao final de cada exercício financeiro. Também, em resumo, pode ser uma forma de tirar dinheiro do caixa da Embasa para financiar parcerias público-privadas e fazer a festa das empreiteiras que ficam fazendo lobby pra abocanhar obras públicas.