Celulares brasileiros vão emitir alertas de desastres
Chegou à fase final de testes o sistema brasileiro de alertas contra desastres naturais, como tempestades, enchentes e inundações. A tecnologia foi desenvolvida nos últimos meses para usar a rede de telefonia celular – o alerta suspende tudo o que o usuário estiver fazendo e exibe na tela um texto de advertência. Agora, o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), órgão ligado ao Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), trata de construir os protocolos de aplicação junto às defesas civis municipais.
“O que estamos fazendo nessa fase de piloto é montar todos os planos que precisam ser construídos a partir da advertência no celular”, explica o diretor do Cenad, Armin Braun. “Ou seja, se você recebe emite um alerta, é preciso haver uma rota de fuga, para que a população saiba para onde se dirigir. É preciso que os trabalhadores da área de segurança estejam informados e treinados para ajudar a encaminhar as pessoas.”
Para construir todo esse protocolo complementar, o Cenad supervisiona a aplicação do sistema em onze pequenos municípios espalhados em todas as regiões do país. Depois do fim dos testes, programado para mais alguns dias, ele será lançado nacionalmente.
A tecnologia de informação envolvida na criação do sistema foi desenvolvida pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em parceria com o Ministério das Comunicações (MCom).
Ela trará avanços significativos na emissão de alertas, porque emitirá um alarme com aviso sonoro, mesmo quando o celular estiver no modo silencioso, sobrepondo-se a qualquer conteúdo em uso na tela para exibir a mensagem de alerta. Com essa modernização, os residentes em áreas de risco receberão as mensagens sem a necessidade de qualquer tipo de cadastro.
“Estamos em fase final de aprimoramento do sistema, para que possamos oferecer a melhor tecnologia. A ideia é ter disponível o mesmo sistema que é usado nos grandes países do mundo, como Estados Unidos e Canadá”, explica o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Confira abaixo algumas das principais melhorias com a implementação do novo sistema:
– não dependência de cadastro prévio dos consumidores;
– alcance instantâneo dos celulares das pessoas que estiverem, naquele momento, encampados nas antenas de telefonia da região em risco (geolocalização);
– alarme com aviso sonoro mesmo quando o celular estiver em modo silencioso;
– sobreposição da mensagem de alerta na tela do aparelho celular, independentemente do conteúdo que estiver em uso.
Os municípios que estão testando o novo sistema foram selecionados seguindo três critérios: período chuvoso nas regiões Sul e Sudeste, municípios afetados por grandes desastres nos últimos anos e locais com maior número de alertas até outubro de 2023 em cada estado.
Armin Braun reforça a relevância de preparar as defesas civis municipais para essa nova cultura. “Não é só emitir um alerta, é preciso preparar a comunidade para lidar com esses alertas.”, disse Braun.
Segundo Tiago Molina Schnorr, coordenador-geral de Gerenciamento de Desastres da Defesa Civil Nacional, a nova tecnologia representa um salto, um novo paradigma em termos de proteção.
“Como ela não prevê a necessidade de cadastro, toda a população brasileira, a partir de uma situação crítica que seja detectada, vai receber, em seu celular, notificações e dicas de como se autoproteger em situações de desastres”, afirma.
Outras ferramentas
A nova plataforma se junta aos serviços já existentes de alertas de desastres, que hoje são enviados por mensagem de mensagem de texto (SMS), Telegram, Google Alertas, TV por assinatura e, mais recentemente, pelo WhatsApp. (MIDR)