Camaçari terá plano para impulsionar o turismo étnico-afro
A Prefeitura de Camaçari, através da Secretaria de Turismo (Setur), está investindo para a criação de um plano de integração dos variados atrativos do município. Quem já promove a divulgação do município e sua diversidade está aprovando a iniciativa. É o caso do líder religioso do Terreiro de Lembá, Táta Ricardo, que, esta semana, visitou a sede da Setur Camaçari. O sacerdote foi recepcionado pelo secretário de Turismo, Gilvan Souza, para uma pauta sobre o turismo étnico-afro, projetos de educação e inclusão social.
O Unzó Tatêto Lembá é o primeiro terreiro tombado pelo município de Camaçari. A salvaguarda foi oficializada em 2016, colocando o município no mapa do Turismo étnico-afro do Estado. Além do terreiro, o sacerdote da casa, Táta Ricardo, também é responsável pela escola com maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município de Camaçari, a Escola Zumbi dos Palmares, com nota 6,6. “Pra mim foi uma alegria poder conhecer as novas instalações da Secretaria de Turismo do município de Camaçari e a mim foi apresentado o plano de ação de desenvolvimento turístico da cidade. Fico feliz de ver que para além da valorização do nosso território, das belezas e riquezas naturais da nossa Costa, tem também a valorização do que nós produzimos e das pessoas que produzem, a valorização dos munícipes. Isso também impulsiona a geração de emprego e renda para o povo ”, define Táta Ricardo.
O diálogo do secretário de Turismo com o líder religioso faz parte de uma série de reuniões e visitas com sacerdotes da região, representantes de meios de hospedagem, gastronomia e investidores. Segundo Gilvan, a ação segue o entendimento do prefeito Elinaldo Araújo, de identificar e fomentar atrativos para promoção plena de Camaçari como um destino completo com condições de atrair e entreter durante todo o ano. “Já identificamos várias ações que movimentam essa vertente de turismo. Nossa função agora é potencializar e fazer esse intercâmbio entre os terreiros e entidades que fazem esse receptivo e os operadores de turismo. Queremos mostrar que nosso potencial vai muito além das belas praias”, revela Gilvan.
A mobilização para diálogo e mapeamento das atividades turísticas étnico-afro tiveram início em julho, com a visita de uma equipe da Setur ao Terreiro Ilê Axé Ojisé Olodumare, a Casa do Mensageiro, em Barra do Pojuca. O templo religioso tem a orientação do babalorixá Rychelmy Imbiriba, que também já recepciona e promove eventos de intercâmbio religioso, a exemplo do I Seminário “Entre os Rios de Osun: de Osogbo ao Rio Pojuca”, realizado em alusão ao Julho das Pretas. A celebração foi estruturada para ser um evento anual sempre antecedendo os rituais e festividades que marcam a celebração a Osun na Casa do Mensageiro.
O objetivo é de que a rota vá além das celebrações nos terreiros. A Secretaria já identificou vivências de turismo étnico na região do Quilombo de Cordoaria e também através das mobilizações e representatividade de Solange Borges (bairro do Santo Antônio), Rose Braga (produção cultural e gastronomia) e Janete Souza (bairro São Vicente). Novas visitas e reuniões estão sendo agendadas para formação de uma trilha de produtos turísticos étnicos em todo o município. A ideia é integrar a oferta de lazer e entretenimento das regiões litorâneas com a cultura e religiosidade da zona rural e sede do município.
Potencial
O potencial do turismo étnico-afro, apontado através do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS), já encanta brasileiros e estrangeiros há muito tempo. O termômetro de fascínio e encantamento foi testado pelo município durante o Encontro Internacional de Jornalistas de Turismo realizado em 2018. O evento reuniu cerca de 100 profissionais de comunicação de 16 estados e uma delegação de periodistas do Uruguai, que se encantaram com o potencial turístico da Costa de Camaçari e ficaram impressionados com a história e conhecimento do sacerdote Laércio Messias do Sacramento ou Táta Laércio de Lembá, líder religioso do terreiro de Jauá (Manso Kilembekweta Lemba Furaman), tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) em 2006. (Secom)