Cerca de 40% das mulheres que procuram o CRMQ se declaram evangélicas
O agressor de mulher não tem ideologia política, formação cultural ou acadêmica – são donos de diploma ou analfabetos, estabilidade financeira – são ricos e pobres, nem raça ou religião predominantes. As mulheres acolhidas pelo Centro de Referência Maria Quitéria (CRMQ) vêm de todos estrados sociais. Em comum o estrago causado pelas agressões, que às vezes praticadas durante anos.
Cerca de 40% das mulheres que procuram o CRMQ se declaram evangélicas – não existem informações sobre a religião praticada pelos agressores – ex e atuais maridos, namorados, filhos, irmãos ou parentes.
De acordo com a coordenadora do centro, a assistente social Josailma Ferreira, aproximadamente metade das ligações para o 190 é relacionada à violência familiar. Outro número para denúncias é o 156. No CRMQ as mulheres são encorajadas a mais do que enfrentar a situação, mas a denunciar seus agressores. Romper esta barreira nem sempre é fácil, reconhece a coordenadora.
Mas o trabalho em equipe – psicóloga, pedagoga e assistência jurídica, vem encorajando-as a procurar a polícia e a justiça para fazer valer seus direitos e proteção – as medidas que determina distância mínima do agressor é uma das mais demandadas.
São iniciativas, explica Josailma Ferreira, que fazem com que elas percebam a violência praticada contra elas, que não é apenas física. “É a busca da cidadania”.
Implantado há oito anos, o CRMQ já atendeu a mais de três mil mulheres. Os bons resultados, diz a coordenadora, baseia-se no trabalho afinado realizado pela rede proteção à mulher vitimada pela violência.
Formam a rede de proteção a Deam, varas especializadas, defensores públicos, casa de passagem e casa abrigo. Nestes espaços elas encontram apoio para enfrentar os seus problemas.
“Foram 27 anos de sofrimento”, afirmou M, que está na CRMQ há quatro anos. “Vi saber que estava sendo vítima da violência depois que entrei aqui”. Afirmou que quase foi agredida apenas uma vez.
“Quando ele um dia disse que quem queria uma mulher como eu, cheguei ao meu limite”, recorda. “O casamento foi um erro desde o início e aqui no CRQM adquiri confiança para me separar”. (PMFS)