II Edição do Cine Trans Territorial leva cinema LGBTQIAPN+ para municípios do interior da Bahia
Depois de percorrer quase três mil quilômetros em 2017, entre as cidades Morro do Chapéu, Santo Antônio de Jesus, Canudos, Correntina e Itacaré, o projeto Cine Trans Territorial, que leva o cinema LGBTQIAPN+ para todos os cantos da Bahia, promove a sua segunda edição entre os dias 13 de janeiro e 03 de março de 2023. Dessa vez, as cidades: Seabra, no Centro Baiano, Formosa do Rio Preto, no Oeste; Curaçá, no Norte; Jandaíra, no Leste, e Mucuri, no Extremo Sul Baiano foram as contempladas, atravessando cerca de 4 mil quilômetros por toda Bahia.
O Cine Trans Territorial é um projeto itinerante de Cinema Independente, focado na formação em Cinema e Audiovisual de pessoas LGBTTQIA. A iniciativa integra atividades de formação, produção e exibição de narrativas audiovisuais realizadas junto às comunidades LGBTTQIAPN+ dos diversos territórios geográficos e de identidade da Bahia, descentralizando o direito fundamental de acesso à cultura, suas múltiplas identidades, vozes, e sujeitos, através de ações de formação em Cinema e Audiovisual.
O projeto permanece por 8 (oito) dias em cada um desses municípios, promovendo uma série de práticas formativas e de mobilização junto a LGBTQIAPN+, e população em geral, através de projeções públicas e oficinas gratuitas de realização audiovisual. Na primeira edição, o Cine Trans percorreu outros 5 (cinco) territórios de identidade baianos, atingindo diretamente com suas atividades uma média de 650 pessoas, realizando oficinas formativas com 47 pessoas LGBTQIAPN+, exibindo 22 filmes brasileiros de curta metragem; sendo 10 deles idealizados e produzidos exclusivamente por esse público.
Conforme a cineasta Letícia Ribeiro, umas das idealizadoras e diretoras do projeto, ao promover oficinas de formação audiovisual, projetar imagens e abrir janelas, o Cine Trans Territorial fomenta o surgimento de novos produtores e diretores, já que une diálogo, pesquisa, direitos básicos e cinema; estimulando a população baiana a produzir, apreciar e discutir a temática das identidades LGBTQIAPN+ no cinema e do cinema, suas representações no trabalho, na família e na sociedade. “Buscamos atrair o interesse da comunidade às atividades e ideais do projeto, e a primeira edição apresentou resultados exitosos, que agora vamos ampliar, chegando em outras localidades mais distantes nos extremos do Estado, atingindo públicos que precisam e merecem o acesso ao cinema, e à cultura formativa de maneira geral”, explica.
As inscrições para a mostra de filmes de curtas metragem de até 20 minutos serão iniciadas na próxima quarta-feira (21); e para participação nas oficinas e atividades do Cine Trans Territorial a partir do dia 28 de dezembro, através das redes sociais: www.instagram.com/cinetrans e https://www.facebook.com/cinetransterritorial, por meio das quais é possível, ainda, obter mais informações. A II edição do Cine Trans Territorial é uma produção da “Mulher de Bigode Filmes”, com o apoio financeiro do Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Cultura do Estado – Secult-BA, Fundo de Cultura e Secretaria da Fazenda.
Combate à LGBTQIAPN+fobia*
Um dos objetivos primeiros do Cine Trans Territorial e que faz parte do roteiro da ação é o combate à LGBTQIAPN+fobia, vez que o Brasil lidera o ranking mundial de assassinatos a essas pessoas, sendo a expectativa de vida de uma Transexual brasileira de 33 anos. Nesse sentido, a realização da segunda edição do Cine Trans Territorial quer dar continuidade e fortalecer c as ações voltadas para as políticas públicas culturais que promovem a construção de uma sociedade menos desigual e violenta contra as diferenças, através da abrangência de território de estímulo dessas ações, integrando a esse contexto, municípios e comunidades que por estarem geograficamente mais distantes dos polos políticos e econômicos do estado, se veem fora da rota de articulação e consumo de bens socioculturais.
Além disso, objetiva-se estimular o debate e a inserção desses sujeitos na produção cinematográfica baiana e nacional, por meio da mobilização dessas comunidades, considerando os múltiplos territórios geográficos e de identidade baianos, na construção de um diálogo que rompa com lugar subalternizante infringido aos diferentes grupos sociais e de gênero, no desempenho dos seus direitos e práticas, seja na educação, na cultura, na família, na comunidade, no trabalho, na política e no acesso aos meios de produção. (Ascom)