Lauro de Freitas registra 434 casos ativos do tracoma

Foto: Maína Diniz

Ardência, lacrimejamento e, em estágios mais evoluídos, dor intensa, fotofobia e perda visual. Esses são os principais sintomas do tracoma. A doença, causada por infecção por chlamydia trachomatis, que é transmitida pelo compartilhamento de objetos pessoais, contato físico direto com secreções oculares, nasal, de garganta ou através de moscas, afeta pessoas de todas as faixas etárias registrando atualmente em Lauro de Freitas 434 casos ativos.

De acordo com o diretor da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde (Sesa), Daniel Assis, pacientes com sinais de infecção por essa bactéria são rastreados diariamente através do trabalho de busca ativa dos Agentes de Combate a Endemias (ACE). “Os agentes visitam as unidades residenciais e, de casa em casa, realizam a triagem principalmente em crianças de 0 a 10 anos, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS). O mesmo ocorre nas escolas”, informou.

Os bairros do Centro e Itinga são as localidades com maior registro dos casos. Daniel explica que o teste inicial é rápido e indolor.  Em menos de cinco minutos o agente, treinado para isso, abaixa a pálpebra inferior e vira a superior para visualmente constatar qualquer alteração da textura da pele. “Após a realização deste procedimento, os indivíduos com suspeita da doença são encaminhados para uma consulta com médico oftalmologista que, após o exame clínico, constata o diagnóstico. Caso positivo, o paciente será tratado com medicamentos prescritos e fornecidos pela Vigilância Epidemiológica Municipal”.

A oftalmologista Rute Carneiro reforça a importância de hábitos de higiene para evitar o contágio. “É importante que principalmente as crianças tenham o rostinho lavado em água corrente e sabão todas as vezes que tiverem contato externo, por exemplo. Em média o período de incubação da doença é de cinco a 12 dias e as crianças se infectam com maior facilidade”, frisou.

A médica chama atenção para os sinais mais frequentes, principalmente nos primeiros dias das manifestações. A doença aparece em forma de conjuntivite folicular, com hipertrofia papilar e infiltração inflamatória que se estende por toda a conjuntiva, normalmente na conjuntiva tarsal superior. “Em alguns casos podem ocorrer pequenas cicatrizes conjuntivais que dependendo da inflamação podem evoluir para cicatrizes mais extensas e com o passar do tempo podem causar distorção nas pálpebras, com inversão dos cílios provocando triquíase”, explicou.

O tratamento para o tracoma é feito através de antibióticos de uso tópico ou oral dispensados gratuitamente pela Vigilância Epidemiológica através do Sistema Único de Saúde (SUS). Em média, o paciente diagnosticado com a doença é tratado e acompanhado com visitas periódicas ao consultório por até um ano.  “Apesar de ser uma das patologias oculares mais antigas, o tracoma ainda é uma doença esquecida pela população que deve se manter atenta aos sintomas e procurar ajuda médica o quanto antes”, orientou a especialista. (Giovanna Reyner / PMLF)