Mulheres vítimas de violência terão delegacia especializada para denúncia em Eunápolis
As mulheres vítimas de violência contarão com mais um equipamento para enfrentar este cenário vivido em Eunápolis, no Extremo Sul do estado. O Judiciário determinou a instalação de uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) no município. A decisão proferida no último dia 14 de outubro atende ao pedido formulado pela Defensoria Pública da Bahia (DPE/BA) por meio de ação civil pública.
Para o defensor público Victor Rego, a garantia de uma delegacia especializada significa um atendimento mais humanizado, célere e integrado para as vítimas de violência doméstica no município, além do fortalecimento das ações de prevenção, proteção e investigação dos crimes. No ano de 2022, das 5.354 ocorrências policiais registradas em Eunápolis, 405 envolveram a violência contra a mulher; já no ano de 2023, dos 2.752 registros, 230 tiveram as mulheres como vítimas.
Na avaliação do defensor público, a atuação conjunta da Deam com a Defensoria Pública terá um papel fundamental na garantia de direitos das vítimas. “O atendimento especializado à mulher pela Polícia Civil vai auxiliar muito o trabalho da Defensoria, principalmente na implementação das medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha e desafogar um pouco as demandas dessa natureza em nossa instituição”, explica.
De acordo com a Lei Nº 13.827/2019, que altera a Lei Maria da Penha, autoridades policiais podem determinar medidas protetivas quando houver risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes. Para o defensor Victor Rego, além da tutela jurídica, a delegacia especializada também vai potencializar a integração das vítimas com a rede de atendimento de saúde e psicossocial.
Outro ponto importante acerca da decisão judicial é que a instalação da Deam de Eunápolis vai contribuir com o Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – PEEVCM, que tem como meta reduzir a taxa estadual de mortes violentas de mulheres para abaixo de 2,1 mortes por 100 mil mulheres até o ano de 2032. “As Deam’s são uma das principais políticas públicas de combate e prevenção à violência contra a mulher no Brasil porque promovem um ambiente em que as vítimas se sentem mais seguras para buscar a proteção dos seus direitos fundamentais”, avalia o defensor público.
Por conta da necessidade de dotação orçamentária e demais necessidades administrativas, o Judiciário fixou o prazo de um ano para que ocorra a instalação da delegacia. Ainda segundo a decisão, os cargos do equipamento deverão ser ocupados, preferencialmente, por “profissionais do sexo feminino”. Serão duas delegadas, três escrivães, quatro investigadoras, uma servidora de apoio administrativo e uma auxiliar de serviços gerais.
Enfrentamento à violência contra a mulher
Por conta dos elevados registros de violência contra a mulher, a DPE/BA ingressou com a ação civil pública para instalar uma Deam em Eunápolis. De acordo com as informações disponíveis no período, a quantidade de ocorrências registradas no município era maior que em outras cidades do estado que já contavam com DEAMs, como Barreiras e Jequié. Em 2017, foram 233 inquéritos policiais instaurados envolvendo agressão física, agressão psicológica, ameaça, estupro e outras não identificadas; até junho de 2018, eram 208.
A ação destacou que a implementação de uma delegacia especializada é imprescindível para dar “maior suporte, segurança e acolhimento às mulheres vítimas de violência, além de possibilitar um tratamento mais humanizado e digno, minimizando o trauma e danos sofridos, alinhando-se às políticas de segurança pública em favor da mulher vítima de violência doméstica e familiar”. Além disso, possibilita estudos de perfil dos ofensores e estimula que as vítimas denunciem seus agressores.
O texto da ACP foi assinado pelas defensoras Karine Azevedo Egypto e Samira de Souza Palaoro e pelos defensores Fábio Gonçalves, Henrique da Costa Bandeira e Victor Rego. (DPE-BA)