Projeto veda homenagens a pessoas que comercializaram escravos
A deputada estadual Olívia Santana (PC do B) protocolou, na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), um projeto de lei que veda homenagens, simbólicas ou materiais, as pessoas que atuaram no comércio e exploração de mão de obra escravizada. A iniciativa, segundo a parlamentar, atende à reivindicação de movimentos negros baianos e de pessoas antirracistas, e tem como objetivo interromper a transmissão e reprodução simbólica e material da ideologia racista na sociedade contemporânea.
A lei proposta veda, também, a celebração de eventos históricos relacionados à opressão escravagista, assim como tributos a pessoas condenadas, com sentenças transitadas em julgado, pela prática de crimes contra os direitos humanos, exploração do trabalho escravo, racismo e injúria racial.
Caberá ao poder público a adoção de medidas para revisão, renomeação ou remoção de informações, eventos, homenagens e monumentos “que serão retirados de vias públicas e armazenados nos museus estaduais, para fins de preservação do patrimônio histórico do Estado”, informou.
Feridas
Na justificativa do PL, Olívia relembrou as “profundas e graves feridas” deixadas pelo modo de produção escravagista na sociedade brasileira, enquanto exploradores de mão de obra escravizada são exaltados e homenageados em monumentos, logradores e prédios públicos. “De igual forma ideias racistas encontram acolhimento voluntário e involuntário nos meios de comunicação, transmitidas e reforçadas diariamente e continuam formando subjetividades, fortalecendo estereótipos, preconceitos e discriminações correlatas”, contextualizou.
Avanços
A legisladora enumerou os diversos avanços ocorridos desde o fim da escravidão – a autodeclaração, o reconhecimento e titulação de terras quilombolas, o fim da perseguição estatal à prática do Candomblé, da capoeira e do samba, a formação de uma classe média negra e a instituição do sistema de cota nas universidades públicas, “e ainda um elenco substancioso de legislação direcionada a combater o racismo e promover a igualdade racial. Todavia, a democracia brasileira continua distante de um padrão civilizatório moderno, onde não cabe desigualdade e nem sequelas racistas”, argumentou. (ALBA)