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:: ‘eleições majoritárias e proporcionais de 2018’

O fim do candidato analógico

Robson Wagner

por Robson Wagner*

É evidente que será imprescindível para o êxito dos postulantes a cargos nas eleições majoritárias e proporcionais de 2018 a utilização arrojada das redes digitais. Esta é a denominação que utilizo, pois as redes sociais sempre existiram.  Afinal, antes da era digital qualquer encontro de amigos já se configurava como uma rede social.  A grande diferença das redes digitais foi a globalização das relações sociais.

O Facebook, por exemplo, tem 1,8 bilhão de usuários ativos mensais no planeta (fonte: IBOPE Media). E em 2016 o Facebook  divulgou que “102 milhões de brasileiros se conectam em nossa plataforma todos os meses”. Desse total, 93 milhões acessam via mobile (dispositivos móveis).

Só que o postulante não pode entrar na campanha e achar que vai ganhar somente porque tem a rede digital como uma importante ferramenta de comunicação. Afinal, a garantia de uma eleição não obedece a uma única e universal fórmula mágica e depende de uma série de fatores circunstanciais, além de, principalmente, muito planejamento, competência, dedicação e expertise. Sem esquecer do fundamental corpo-a-corpo.

Entretanto, a cada dia torna-se cada vez mais fundamental a construção de um sólido projeto de web para o êxito nas campanhas eleitorais. Na Bahia, por exemplo, as interações com o mundo digital fazem parte do cotidiano de milhões de pessoas.

A única observação que deve ser feita é a precariedade do sinal de internet em diversos municípios do estado. Pois um dos grandes desafios nos rincões baianos ainda é a inclusão digital. Mas as pessoas têm o equipamento e os utilizam dentro das limitações impostas. Ou seja, é inconteste que os smartphones se popularizaram e “conectam” as pessoas.

Eu tenho um tio de 79 anos que outro dia me ligou e disse: “é, agora só falo de Whatsapp, porque eu não pago por cada ligação”. O problema é que esse sinal ainda chega de forma muito ruim. Uma das grandes operadoras ampliou o sinal 4G para 79 cidades baianas. Ocorre que há 417 municípios no estado.

E isto prejudica uma melhor relação entre o candidato e o usuário de Youtube; Facebook; Twitter ou Instagram.

Além disso, há as limitações econômicas, que valem também para as cidades com sinais de qualidade. Pois o cidadão tem aquele pacotinho da operadora, mas se entrar nas redes digitais vai consumir os créditos. Então ele fica limitado ao Whatsapp. Esta ferramenta, ainda que mais recente, tornou-se o grande fenômeno.

Tem sido vertiginoso o crescimento da importância de um consistente projeto web numa campanha eleitoral. Em 2000, ao entrar nos raros sites de candidatos que existiam na época o eleitor tinha opções limitadas; como o jingle, algumas pecinhas pra baixar (e ninguém baixava), a agenda do candidato e nada mais.

Outra grande barreira que persistiu até alguns anos atrás foi a falta de intimidade dos postulantes a mandatos eletivos com a tecnologia. Eram os candidatos “homus analógicos”. Muitos, inclusive, com mandatos e que não mensuravam a importância da tecnologia para a comunicação entre a sua gestão e a população. Era uma época em que alguns prefeitos diziam “mande o e-mail para a minha secretária”. Pois eles mesmo não tinham correios eletrônicos.

Mas hoje os agentes políticos estão conectados às ferramentas tecnológicas. Assim como todos. Afinal, quem não está com um celular na mão? Essa proximidade impõe o uso da internet. O que significa que estamos 24 horas por dia conectados ao eleitor.

E, neste contexto, como fica a importância da televisão numa campanha eleitoral?

Em primeiro lugar, é necessário ressaltar que o significado da televisão para o brasileiro ainda é muito forte: as famílias ainda param na frente da TV pra assistir a um filme, o telejornal, o seriado, o futebol ou a “novelinha nossa de cada dia”. E o programa político ficou um pouco menos chato, porque está mais curto. Portanto, a televisão ainda é um grande veículo para difundir ideias.

E os coordenadores de uma campanha devem estar antenados no link que deve ser feito entre as redes digitais e a TV.

Afinal, as redes digitais numa campanha não são importantes apenas para “vender” as propostas do candidato.  Pois as redes digitais são, acima de tudo, um dos grandes laboratórios de observação do feedback dos eleitores. E isto se aplica também nas necessidades de mudanças de estratégias dos programas eleitorais na TV. Com a análise das redes constatamos, por exemplo, que a audiência está gostando das propostas e agora quer saber, por exemplo, a trajetória do candidato.

Enfim, a grande mudança de paradigma foi a primeira eleição de Barack Obama à Casa Branca, no dia 04 de novembro de 2008.

Um dos estudiosos do tema é Flávio Nehrer, que apresentou uma tese de mestrado para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) intitulada “O impacto das redes sociais nas campanhas eleitorais: a construção da persuasão”. Ele afirma que uma apressada análise sobre a vitória de Barack Obama poria o crédito na opção do comitê de campanha do então senador pelas redes sociais.

E eu acrescento que certamente esta opção teve um papel muito importante para a ascendência ao poder do primeiro presidente negro da história dos EUA.

Passaram-se nove anos e a cada eleição o ambiente digital torna-se mais eficiente como um meio, uma ponte, enfim, um elo de fidelização entre o candidato e o eleitor.

Enfim, o hábito de se relacionar pelas redes digitais continuará. Foi assim com o Orkut, de enorme sucesso no país, tem sido assim com o Facebooke tudo leva acrer que o será com qualquer novo aplicativo que suceda a rede de Zuckerberg.

E Wilson Gomes, professor da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, afirma: “as coordenações de campanha não poderão mais ignorar as mídias sociais ou considerá-las secundárias ou acessórias, apostando suas fichas na televisão”.

Enfim, hoje somos “homus digitais” e, consequentemente, os neandertais candidatos analógicos” estão fora do jogo em 2018. (BN)

* Robson Wagner é sócio-diretor da W4 Comunicação



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