:: ‘Micareta de Feira 2016’

O camarote Folha do Estado se estabeleceu como um dos grandes points da Micareta de Feira de Santana. Todas as atrações da festa pararam para falar com a TV Geral que fazia a transmissão ao vivo da festa momesca. Com uma equipe grande e de competentes profissionais, o trabalho foi de excelência. Quem acompanhou parabenizou a grande festa transmitida para aqueles que não puderam ir ao circuito Maneca Ferreira.

Parabéns ao grupo Folha do Estado pelo grande trabalho realizado. A equipe do site Política In Rosa agradece por ter sido muito bem recebida e pelo tratamento respeitoso dado a todos os convidados e profissionais. É por isso que tudo que tem a marca Folha do Estado é sucesso.

Karoliny Dias

Foto: Washington Nery

Nem bem começou o desfile pela avenida Presidente Dutra, quando faltava pouco para a madrugada desta segunda-feira, 2, e uma multidão já havia se juntado ao trio de Igor Kannário. Puxando um trio independente, o Príncipe do Guetto causou o maior alvoroço durante sua passagem pelo Circuito Maneca Ferreira.

Os dois lados da avenida ficaram, literalmente, tomados de gente, que seguia à frente, ao lado e atrás do trio. Pouco importava o tumulto, o folião queria era ficar perto do pagodeiro, conhecido por apresentações marcadas por frases que exaltam a população das favelas e da periferia.

A temperatura subiu do início ao fim do percurso. O folião aproveitou as últimas horas da Micareta 2016, liberando a energia que ainda restava dos quatro dias de festa – sem contar com a noite extraoficial.

Enquanto isso, Igor Kannário retribuía com o seu repertório – se antes ele era conhecido por incitação à violência em seus shows, agora o cantor resolveu conscientizar a população de que esse caminho não leva a lugar algum.

“Assim como Gandhi e Nelson Mandela foram representantes da paz, nós somos espelho deles. A gente está aqui como a nova geração para mostrar e pregar isso: a paz”, falou o Príncipe do Guetto, logo após mandar beijo para as crianças e agradecer o carinho recebido.

E provou que era “Tudo Nosso, Nada Deles”, música que emplacou na sua carreira, além do sucesso “Lá Vem a Zorra”. “Somos todos da favela, da periferia”, exaltou.

Foto: ACM

Ele falou e cumpriu. A banda Psirico fez seu arrastão pela avenida Presidente Dutra na noite deste domingo, 1, levando uma multidão atrás do trio. O Circuito Maneca Ferreira ficou pequeno para a quantidade de foliões que acompanharam o pagodeiro Márcio Victor, que veio puxando a pipoca num trio independente.

Psirico foi a atração que mais se apresentou na Micareta 2016. No sábado, 30, penúltima noite da folia de Momo, após animar os associados do tradicional bloco dos travestidos, o Lá Vem Elas, seguiu para o Camarote Dj Agenor, onde subiu ao palco faltando pouco para as 3h da madrugada deste domingo.

Mesmo com problemas de saúde, o cantor fez questão de cantar nos dois dias de Micareta. “A orientação do médico era repouso, mas fiz questão de participar dessa festa que amo muito”, afirmou o cantor.

Em sua primeira micareta após ter anunciado a carreira solo, Durval Lelys animou o folião pipoca na noite de sábado, 30. Cantando grandes sucessos de sua carreira no Asa de Águia, a multidão o acompanhou em coro.

Muitos foliões que acompanhavam outras atrações vinham do fim do circuito para acompanhar “Durvalino meu rei”. Fazendo homenagem aos 30 anos de axé, cantou grandes sucessos da música baiana que marcaram a sua história como “Prefixo de verão” e “Baianidade nagô”.

Chamando vários fãs pelo nome, Durval demonstrou o seu carinho e proximidade com o público feirense, sempre agradecendo e elogiando a receptividade. Recitando sempre o seu amor pela cidade, declarou várias vezes estar feliz por participar de mais uma edição da “micareta número 1 do Brasil”.

Quando solidariedade e diversão se unem geram o Abracaê, bloco que tem como cerne a solidariedade. Milhares de pessoas ganharam o Circuito Maneca Ferreira, na noite desta quinta-feira, 28, animadas pela cantora Katê.

O bloco, que sai pelo sétimo ano consecutivo, é a garantia que dezenas de entidades que atendem crianças de famílias carentes terão a garantia de que o estoque de leite não sofrerá problema com descontinuidade de abastecimento deste alimento tão importante.

No ano passado cerca de 50 entidades receberam dezenas de latas e pacotes de leite em pó. E dada a quantidade de foliões, os resultados, em termos de arrecadação, serão os melhores. E quanto mais arrecada mais as instituições reforçam seus estoques.

O painel luminoso à frente e na traseira do trio elétrico refletia na multidão que acompanhou a banda Aviões do Forró, principal atração contratada pela Prefeitura de Feira de Santana para a noite de quinta-feira, 28. Foi pra mais de duzentos metros de gente se espremendo nos dois lados do Circuito Maneca Ferreira. Xand e Solange retribuíram tamanho entusiasmo dos foliões, e deram vários rasantes sobre a multidão.

A banda cearense tocou pela primeira vez na Micareta especialmente para o povão. E a “trieletrização” do seu forró eletrizado levou a multidão, a maior já registrada nas últimas micaretas, a percorrer os dois quilômetros do circuito na mesma pegada. Afinal, a banda mais popular do momento, tem a característica de terminar as suas apresentações com o mesmo entusiasmo do seu início.

Os conhecidos forrós ganharam uma versão mais agitada, bem ao gosto dos foliões que vibravam a cada nova música iniciada. Os cantores da banda sabem como poucos animar uma grande multidão. E em Feira não foi diferente. A empatia da dupla com o público é imediata, bem como a troca de energia entre as partes fica evidente ao longo de todo o percurso, quando nenhuma das partes apresenta cansaço. Muito pelo contrário: o clima é de que a “velocidade” do trio seja reduzida para que a apresentação dure um pouquinho mais.

Tradição e animação se misturam e transpiram no Zero Hora, o mais antigo e tradicional bloco que desfila na Micareta de Feira de Santana. A na noite de quarta-feira não foi diferente. Jornalistas, radialistas e convidados se divertiram muito. Renovaram as baterias para o trabalho duro que se aproxima.

É um bloco aberto, que não tem cordas, tem rei e rainha e é sempre acompanhado por admiradores. Neste ano homenageou o radialista Edval Souza. Mas os jornalistas perceberam que a quarta-feira ficou grande demais para o Zero Hora. A chegada de novos blocos tornou a noite de quarta-feira “quase” oficial no calendário da festa.

A jornalista Neire Matos disse que a partir do próximo ano o bloco vai sair na terça-feira. “Fomos nós que criamos a noite festiva da quarta-feira e seremos nós que vamos aumentar mais uma noite da nossa maior festa”. É o caminho para que a terça se torne extraoficial e a quarta ganhe status de oficial.

A Prefeitura Municipal de Feira de Santana, através da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, com realização da Divisão de Promoção da Igualdade Racial do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento das Comunidades Negras e Indígenas e do Conselho Municipal de Juventude, em parceria com o Governo do Estado da Bahia, apresenta o Observatório da Discriminação Racial da Micareta 2016.

O Observatório tem o intuito de atender pessoas vítimas de racismo e promover a campanha “Não Deixe o racismo acabar com sua festa”. O Observatório contará com uma equipe especializada para fazer a abordagem em todo o circuito, panfletagem de informativos de combate ao racismo, bem como atendimento em sua sede, que funcionará no Instituto de Tecnologia Educacional – NTE, Av. Presidente Dutra, s/nº, ao lado da Direc II.

Se você for vítima de discriminação racial ou conhece alguém que tenha sofrido esse tipo de violência, procure imediatamente uma autoridade policial ou nosso posto de atendimento. Não deixe o racismo acabar com a sua festa, denuncie.

Ex-vereador Marialvo Barreto

Na opinião do professor e ex-vereador Marialvo Barreto, a Micareta de Feira de Santana está sem referências que possam dar dimensão a sua grandiosidade. “Artistas locais mal remunerados; importação do modelo de camarote de Salvador, ou seja, festa paga; a festa é praticamente noturna; mal divulgada para o Brasil; sem uma identidade; sem atrações nacionais (antes vinha até escola de samba campeã do carnaval do Rio); pouca valorização das entidades culturais de matriz afro-brasileira – afoxés, blocos afros, escolas de samba; sem fantasia, essa foi substituída por uma camisa de bloco ou abadá); pouco envolvimento infantil (futuros foliões) e etc.”, criticou. Mesmo assim, o vereador confirmou que participará da festa. E completou. “Isto não é discurso de religioso fundamentalista – que são contra a festa e têm peso na prefeitura, é discurso de folião que quer melhora”, concluiu.

Karoliny Dias