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Câmara rejeita honraria para músico feirense negro
A Câmara Municipal de Feira de Santana (CMFS) rejeitou o projeto de lei para concessão da Medalha Zumbi dos Palmares ao músico feirense Gilson Souza Santana, mais conhecido como Gilsam do Reggae. Para o autor da proposta, vereador Silvio Dias (PT), a decisão é uma verdadeira demonstração de intolerância religiosa e discriminação racial na Casa da Cidadania.
“Vivemos um triste dia na Câmara Municipal de Feira de Santana. Nosso mandato propôs uma homenagem ao professor, pedagogo, profissional com dois mestrados, doutorando, músico com mais de mil canções compostas. Mas Gilson Souza Santana é negro, é afrodescendente. Gilsam é uma pessoa que luta pela igualdade racial em nosso município, nacionalmente conhecida por sua qualidade musical”, afirma o vereador.
Para aprovação do projeto, como explica Dias, eram necessários 14 votos. “A sessão contava exatamente com 14 vereadores presentes, mas o vereador Edvaldo Lima, já conhecido por sua postura e declarações discriminatórias, de intolerância religiosa, homofóbicas, colocou-se na condição de se abster da votação, o que significava, em regra, que o projeto seria então rejeitado”, denunciou. “Em protesto, nos retiramos e todos os demais projetos caíram da pauta de votação. Mas o que fica muito claro é essa intolerância religiosa dentro desta Casa, é essa discriminação racial que não podemos aceitar”, copletou Dias. :: LEIA MAIS »
Lourdes Santana sobre Dia Nacional da Consciência Negra: “Esse dia traz a lembrança do sofrimento e luta do negro”
A passagem do Dia Nacional da Consciência Negra comemorado neste dia 20 de novembro foi tema de uma entrevista do site Política In Rosa com Lourdes Santana, presidente do Núcleo Odungê e presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento das Comunidades Negras e Indígenas. Lurdinha, como é mais conhecida, disse que esse dia traz a lembrança do sofrimento e luta do negro principalmente na posição em que ainda se encontra dentro da sociedade brasileira. “Estamos no pior patamar. Temos o pior ensino, a pior saúde e nossos direitos não são respeitados. Fazemos parte da margem da pobreza. Temos que refletir porque ainda não nos vêem da forma que devem nos ver. Temos direitos que não são respeitados. O principal deles é a educação”, lamentou.
Lourdes Santana fala sobre as dificuldades do negro na sociedade feirense
A presidente do Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento de Comunidades Negras e do Núcleo Odungê, Lourdes Santana, destacou ao site Política In Rosa as dificuldades do negro na sociedade. Para Lourdes, o preconceito ainda é um grande obstáculo para as minorias. “O preconceito ainda é grande em nossa cidade. O racismo e a intolerância religiosa têm que ser denunciados. Não podemos ficar calados. O silêncio nos torna coniventes”, afirmou.
Lourdes lamentou que a beleza negra ainda seja vista como exótica em nossa cidade e lamentou o fato de que, no mercado de trabalho, ainda não haja tantos negros ocupando cargos de alto escalarão. “Na política também é assim. Vemos poucos negros ocupando grandes cargos. São raríssimos. Precisamos que o negro assuma o seu papel na sociedade que também deve ser de destaque”, concluiu.